na praia e não resistiu Foto: Reprodução / Facebook
A pequena Maria Clara, de apenas 4 anos, atingida por um raio, foi enterrada na manhã desta quinta-feira, dia 29, no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, mais conhecido como Cemitério do Âncora, em Rio das Ostras, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. A criança estava com a avó e a irmã mais velha na praia de Boca da Barra, também no município, e brincava na areia quando foi atingida pela descarga elétrica no início da tarde de quarta-feira, dia 28.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, é possível ver banhistas tentando reanimar a menina ainda na orla antes de o socorro chegar ao local. A criança foi levada por uma ambulância da prefeitura até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Rio das Ostras, mas chegou sem vida, segundo informou o município. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 14h09 para atender a ocorrência, mas a garota já havia sido levada em estado grave.
O corpo de Maria Clara foi encaminhado para o IML (Instituto Médico-Legal) de Macaé, na mesma região, na quarta-feira. Ela foi velada pela família e amigos em uma igreja evangélica antes de ser enterrada no Âncora.
Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, outra vítima foi atingida por um raio na mesma praia logo após o caso de Maria Clara. Pedro A. Maciel, de 36 anos, foi socorrido e levado para UPA de Rio das Ostras, onde recebeu atendimento e medicação. Ele relatou apenas ter sentido o choque e alta ainda na quarta-feira, segundo a prefeitura.
De acordo com os dados obtidos pelo EXTRA junto ao Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), entre 12h e 16h desta quarta-feira, dia 28, houve dois raios nuvem-solo (tocaram o solo) e cinco raios intra-nuvem. Ou seja, Maria Clara e Pedro Maciel foram atingidos essas duas descargas elétricas que atingiram o local onde eles estavam na areia.
Alerta sobre raios
O Elat/Inpe sempre alerta para os cuidados que as pessoas precisam ter quando há a presença de raios. Conforme um levantamento do instituto, 46 pessoas morreram atingidas por um raio no estado do Rio de Janeiro entre 2000 e 2019. Desse número, 91% eram homens e 9% mulheres. Ainda conforme as estatísticas, 84% sofreram a descarga elétrica ao ar livre e 16% em locais fechados. A maior parte dos incidentes aconteceram no verão, com 67% dos casos, seguido da primavera, nossa estação atual, com 22%; no outono, foram apenas 7% dos casos, e no inverno atingiram apenas 4%.
"A praia é é um ambiente descampado e, portanto, vulneráveis a descargas elétricas e o banhista acaba se expondo a tempestades. Se você estiver dentro do mar, a situação é ainda mais crítica, porque a água salgada é ótima condutora de eletricidade. Assim, os efeitos de um raio podem se propagar para muito longe. Quando se vê um indício de tempo fechado, busque abrigo em um carro ou em um prédio imediatamente", alerta o Elat/Inpe.
A cidade do Rio aparece como o sétimo em todo o país com morte entre 2000 e 2019: dez vidas perdidas por raios. Mas o Elat/Inpe fez um ranking 10 municípios atingidos por mais descargas em cada estado brasileiro, em termos da média anual, no período de 2011 a 2018. No total, eles representam 4,6% dos municípios, 12,6% da população, mas totalizam 16,5% das mortes por raios no país, indicando o maior risco de morte nestes municípios.
Veja o ranking por número de raios (milhares):
1º Valença - 12,5
2º Resende - 11,0
3º Cachoeiras de Macacu - 7,6
4º Rio Claro - 6,6
5º Barra Mansa - 6,4
6º Silva Jardim - 6,2
7º Campos dos Goytacazes - 5,9
8º Barra do Piraí- 5,2
9º Nova Iguaçu - 5,1
10º Rio de Janeiro - 5,0
Por Marjoriê Cristine / Extra